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Fé Justiça e Política


Convergências e Divergências


Para alcançar o ideal de justiça

Recentemente se tem trazido à baila, novamente, tema de grande importância para o Cristão, com reverberação em todas as esferas da sociedade. Trata-se dos pontos de intersecção entre fé e política. Nesse sentido, é crucial responder quais são as convergências e as divergências desses dois fenômenos que se manifestam na vida pessoal e coletiva de cada um.

A fé, conforme se depreende da Bíblia sagrada, é o conjunto de conhecimentos trazidos pelo ensinamento e pela vida de Jesus Cristo, que objetiva instruir o ser humano a viver fundado e arraigado no amor e se portar de modo justo, piedoso e sóbrio, com finalidade de agradar a Deus.

A política, por sua vez, é a arte de repartir. Política é feita todas as vezes que alguém distribui qualquer tipo de recurso, seja próprio ou de uma coletividade, com a intenção de fazer esse ato conhecido por outra pessoa. A política é feita em todos os âmbitos da atuação humana, tanto na esfera doméstica, quando um pai entrega dinheiro para o filho lanchar na escola, quanto na esfera nacional, quando o Governo Federal repassa recursos a estados e municípios.

Convergem fé e política no ponto em que ambos os fenômenos geram atitudes humanas capazes de interferir efetivamente na dinâmica da vida em sociedade, com o ideal de promover o bem comum.

A fé, sendo o recipiente do conhecimento que faz o homem participante da natureza divina, leva seu possuidor a doar recursos, tais como tempo, informação, serviço, dinheiro e produtos, com o objetivo de anunciar o reino de Deus às mentes e corações humanos. É consequente o resultado de promoção da paz individual e coletiva, da justiça, da igualdade e da fraternidade.

O objeto precípuo da fé é a salvação da alma, mas o fruto natural de seu exercício contínuo é composto das virtudes do amor, da alegria, da paz, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança e domínio próprio. Essas virtudes geram um resultado social tendente a dirimir conflitos e fomentar uma sociedade harmônica e ordeira, fincada nos valores da honestidade, da tolerância, do perdão e da justiça.

A política, sendo essencialmente a arte de distribuir recursos, tais como tempo, serviço, informação, dinheiro e produtos, tem (ou deveria ter) o objetivo de suprir as necessidades humanas e sociais de modo a tornar cada pessoa autônoma e capaz de prover sua própria subsistência de forma digna. A política não gera virtudes, mas precisa delas para não descambar rumo à tirania, em que o gestor dos recursos os utiliza com o objetivo predominante de se beneficiar ou se perpetuar no poder, ou mesmo quando deles se aproveita para oprimir ou se vingar de seus desafetos.

Na esteira da política surgem as lideranças e os governos, os quais, regidos por regimes específicos, como democracia, monarquia ou império, identificam as necessidades coletivas, arrecadam e distribuem recursos no intuito de supri-las e promover o bem comum e a autonomia de seus liderados.

Ocorre que, não raro, essas duas esferas de atuação se colidem. A política, por vezes, entremete-se em questões de fé, quando os governos pretendem formatar os valores e as virtudes individuais. Esse é um erro grave, pois a esfera de formação dos valores não deve ser pauta da política, já que não lhe é própria, sob pena de digladiar com a fé e iniciar uma espécie de colapso social.

Por outro lado, a fé não pode intervir diretamente na política, pretendendo emanar suas virtudes como programa de governo civil. A fé deve atuar nos corações, sendo transmitida de pessoa a pessoa por meio do testemunho de vida e da pregação da Palavra de Deus. Jesus mesmo deixou claro que o seu Reino não é deste mundo, não vem com aparência exterior, mas estará dentro de cada um (vide João 18:36; Lucas 17:20-21).

A fé, entretanto, converge com a política quando lhe empresta os valores necessários ao atingimento de seu ideal de bem comum. Isso, inobstante, não é transmitido institucionalmente, mas individualmente. É a pessoa de coração alcançado pela fé, de conduta justa, que na atuação política fará dela um instrumento de beneficência (Provérbios 29:2).

A política, em que pese não ser fonte das virtudes, pode ser belo e eficaz instrumento de seu exercício, servindo como palco para o testemunho da fé.

No diagrama da fé e da política, pode-se afirmar que há intersecção na área em que ambas têm o potencial de promover o bem comum. A política, no entanto, pode ser arma de tiranos se desprovida de virtudes. Já a fé, matriz de virtudes, sempre será escudo contra o mal e inspiração para o bem.



Matéria da edição 21 da Revista Publish Cristã , escrita pelo redator Wilson Santos de Oliveira, Advogado, Palmas/TO

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