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O MAL DO SÉCULO E O PRENÚNCIO DO FIM

O tema desse trimestre é o fim dos tempos. Em uma live da Revista, transmitida pelo youtube no mês de fevereiro de 2022, informei que escreveria sobre as guerras da humanidade, elucidando sua relação com o fim dos tempos.

Com fundamento em Lucas 21:9, Marcos 13:7 e Mateus 24:6, percebi que Jesus já disse tudo, não há mais o que explicar, parafraseio-o, entretanto: as guerras são um fenômeno humano e não devem ser entendidas como prenúncio do fim, mas apenas como princípio das dores.

Portanto, voltei meu olhar para outro assunto dentro do mesmo tema: o esfriamento do amor de muitos, em razão da multiplicação da inquidade, em Mateus 24:12.

Observa-se da leitura completa do capítulo 24 de Mateus que o esfriamento do amor também não é prenúncio do fim, mas marca o princípio de dores, anunciado no versículo 8.

O tema do esfriamento do amor me pareceu muito relevante, e pretendo demonstrar nesse pequeno artigo que ele toca diretamente na realidade dos nossos tempos, que merece especial atenção da Igreja.

É que, de determinado prisma, o esfriamento do amor muito se assemelha com uma doença psíquica moderna, denominada Depressão. Não sou médico nem psicólogo, por isso abordo o tema de um ponto de vista puramente teológico, fincado ainda na experiência prática e em conhecimentos teóricos.

A depressão é, em síntese, um sentimento de apatia pela vida. O indivíduo entra em estágio não apenas de reflexão quanto ao sentido de tudo que circunda sua existência, mas passa efetivamente a experimentar sentimentos de profundo vazio existencial. Com esse sentimento avassalador em sua alma, ele não vê significado para se levantar ao amanhecer, não sente alegria em conversar com as pessoas, não logra sentido em cuidar da saúde, não acha prazer no trabalho e não tem satisfação na diversão. Tudo se torna cinza e obsoleto. O fenômeno não é apenas psicológico, mas o próprio organismo deixa de produzir hormônios necessários à euforia.

Nesse ponto o leitor se pergunta o que isso tem a ver como o esfriamento do amor. O amor é uma atitude positiva em relação à vida, um misto de sentimentos e sensações que nos leva à ação, à entrega de uma parcela enorme de energia criativa e transformadora em direção ao outro. É nesse sentido que o esfriamento do amor muito se aproxima da depressão.

O espaço é curto, mas tentarei explicar porque o amor é tão importante na luta contra a depressão.

Jesus nos ordenou amar. Essa ordem é clara, direta, contundente e imperativa, tanto no Novo quanto no Velho Testamento. Vejamos Deuteronômio 6:5, Mateus 19:19, Gálatas 5:14 e Tiago 2:8. Faça essas leituras bíblicas agora mesmo, depois volte ao artigo.

Esses textos trazem um imperativo e um pressuposto. O pressuposto é que todo ser humano ama a si mesmo em uma medida adequada para a sua própria realidade. O imperativo é que nos dediquemos a amar o próximo naquela mesma medida.

Confesso que a ordem de Jesus institui a missão mais árdua, mais antagônica e mais sublime da vida humana. Amar é verbo transitivo: quem ama, ama alguém ou alguma coisa. Mas o que é amar?

Dizer que posso responder essa pergunta em duas linhas é um tanto quanto prepotente, mas sou forçado a dar uma resposta possível, dentre tantas: amar é dar, sem intenção direta e sem garantia de receber algo em troca. Encontro respaldo para essa definição nos seguintes textos bíblicos: “e Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito...” (João 3:16); “e conhecemos o amor nisso: que Ele deu sua vida por nós, e nós devemos dar a vida a favor dos nossos irmãos” (1 João 3:16); de igual maneira conclui-se da leitura da parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-37).

Ora, amar o próximo é gastar-se em favor de alguém, é entregar-se em função de uma causa maior que nós mesmos, é encontrar uma missão na existência, é alcançar uma razão pela qual morrer.

Essa causa não precisa ser transcendente e ressonante aos olhos de todo o mundo, da mídia ou mesmo da comunidade local, mas precisa comunicar essa relevância soberana na alma de quem ama. Esse amor, no entanto, nunca é direcionado à satisfação das próprias necessidades do indivíduo, ainda que sejam necessidades meramente psicológicas. O amor é focalizado na atitude de se importar com o outro, tanto quanto nos importamos conosco. Difficile missio? No. Impossible? Imo. Mas não perca a esperança, pois o que é impossível aos homens, é possível a Deus e, pela fé no nome de Jesus Cristo, nada nos será impossível (Mateus 17:20, Lucas 18:27, vale a leitura).

Certamente se argumentará que o amor por si mesmo é o imperativo maior, pois se alguém não se importa consigo mesmo, como se importará com o outro? Esse raciocínio parece lógico, mas é uma falácia.

Primeiro, porque o ser humano sempre se importará consigo mesmo. No caso da disforia, por exemplo, que pode trazer, inclusive, pensamentos suicidas, ela não decorre do fato de a pessoa não nutrir nenhuma estima por si mesma, ao revés, ela quer encontrar em si mesma o motivo de sua existência. Isso é, em última análise, uma forma de superestimar-se. Em miúdos, se o Eu for a razão da própria existência do indivíduo, ainda que isso seja uma atitude inconsciente, ele tende à depressão, pois é provável que em algum momento perceberá que na árvore de seu significado existencial a raiz se alimenta do próprio caule. Uma referência circular não explica o processo.

De outro lado, quando temos alguém com quem nos importar, alguém para quem doar nosso tempo, para quem queremos direcionar nossa energia emocional e intelectual, nossa mente não procura por significados em nós, mas na missão que empreendemos. Essa missão sempre redunda em satisfação pessoal e estima própria, pois nela encontramos tristezas, conflitos, lágrimas, dor, sofrimento, perseguições, aflições, fraqueza, assim como achamos alegrias, acordo, sorrisos, conforto, aconchego, livramentos, esperança, força. Ou seja, nela encontramos o próprio significado, e isso nos renova a cada alvorecer.

Não é uma receita de bolo e eu não sei como ensinar alguém a amar. Mas uma coisa é certa, você pode começar doando algo. Doe um pouco de seu “precioso”, seu tesouro, seja ele o tempo, seja a inteligência, seja a força, ou mesmo as coisas representativas disso, como o dinheiro e os bens. Lembre-se, onde estiver o seu tesouro, estará também o seu coração. Se tua riqueza é para ti mesmo, e o teu precioso é somente teu, logo, você ama a si mesmo, mas certamente não achou o caminho do amor ao próximo.

Agora, retomando o elo com os tempos do fim, ou melhor, com o princípio de dores, é de conhecimento geral que a depressão foi declarada o mal do século XX, realidade compreendida, dentre outros, pelo renomado escritor e psiquiatra brasileiro Augusto Cury, e não percebo que essa verdade tenha sido modificada para o século XXI.

Não se pode negar que esse mal do século XX é derivação direta do mal du siècle XIX, denunciado por François-René Chateaubriand, político e escritor francês que alinhavou a tese de que o racionalismo iluminista desencadeava uma crise de crenças e valores que se traduziria em um profundo vazio existencial daquela geração.

Esse rompimento com os valores transcendentes deve ser objeto de um estudo mais aprofundado, com vistas a descortinar todas as nuances da declaração de Jesus sobre o esfriamento do amor. Nesse brevíssimo artigo de opinião, entretanto, o que se pode dizer é que o amor supera esse mal, pois o amor tudo sofre, tudo suporta, tudo crê. O amor é o dom perfeito. “Nisso todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35).

Peço desculpas ao meio ilustre leitor por ter escrito na primeira pessoa, fugindo um pouco do costumeiro. É que pelo peso do conteúdo, quis trazer leveza ao estilo. Obrigado pela compreensão.

Matéria da edição 18 da Revista Publish Cristã , escrita pelo redator Wilson Santos de Oliveira, Advogado, Palmas/TO.

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